Um primo meu foi pego traindo. Cena patética, parecia coisa de novela mexicana dublada errado: gritaria, celular voando, ele com cara de quem não sabe se corre ou se ajoelha pedindo perdão. Dá vontade de rir e sentir vergonha alheia ao mesmo tempo. Foi aí que eu pensei: eu não sou mais ou menos contra traição — eu sou realmente contra. Pra quem ainda tá na dúvida, já deixo claro: aqui não tem espaço pra canalhice maquiada de “confusão emocional”. Safadeza disfarçada passa longe.
Não é porque sou bonzinho, não. É porque trair dá um trabalho do caralho. Vida dupla? Porra, eu mal dou conta da minha rotina básica — imagina ter que viver inventando mentira, apagando rastro, escondendo prova, vigiando o próprio celular como se fosse cena de filme de espionagem. Só de pensar em ter que disfarçar um print, já me dá uma crise de ansiedade. Aposto que tem corno que broxa antes do ato, só de lembrar que pode ter deixado um brinco perdido no banco do carro.
Se eu tivesse que estar nessa situação — e repito: não quero, porque sou contra — prefiro ser o corno. É muito mais confortável ser o idiota oficial, aguentar as piadinhas e seguir em frente. No ranking da escória humana, em primeiro lugar está o traidor, o maior filho da puta da festa. Depois vem o amante, que se soubesse, tá no time dos canalhas, se não soubesse, é só mais um otário. E em último, o traído, que apesar da dor, é o único que merece pena — e olhe lá.
Já falei que traição é uma merda — disso ninguém duvida — mas o espetáculo que se arma em volta é que beira o ridículo. “Fulano foi flagrado traindo!” Ah, vá. Que revelação bombástica. Jogador traindo? Nossa, que quebra de expectativa... O cara mal sabe montar uma frase, mas domina a arte de humilhar a mulher como se fosse técnica de treino. Às vezes, acerta mais na canalhice do que no chute a gol.
As reações são um verdadeiro circo: o corno samurai quebra tudo em silêncio, com olhos de fogo e honra ferida, como se o estrago trouxesse redenção; a corna coach grava vídeo chorando no carro, entre frases de autoajuda e trilha sonora de sofrência; o corno justiceiro sai investigando mensagens, prints e localização como se estivesse num episódio de CSI. Eu, sinceramente, prefiro ficar longe desse teatro. Seria mais do tipo corno resignado — toma uns goles, ouve um pagode baixo, dá uma chorada discreta no banheiro e segue o baile, sem fazer escândalo.
Então fica o recado: se eu descobrir que fui traído, fico do lado dos cornos mesmo. Já disse e repito — sou contra trair. E mais ainda contra dor de cabeça gratuita. Prefiro ser o bobo tranquilo do que o machão surtado. Levo meu chifre com dignidade e sigo a vida — com cerveja, terapia e zero escândalo.
Eu não sou contra a "traição". Eu sou contra a falta de transparência. E eu não entendo o drama que as pessoas fazem por conta de uma traição, que no meu ver, é só um detalhe.
Quantas pessoas eu já peguei sofrendo por que terminaram relacionamento por conta de traição. A pessoa ama a outra e vai terminar por conta de um momento.
Para quem é mal resolvido com esse tema, eu recomendo a leitura da minha obra A Casa de Pensão Contextualizada.